USURA



USURA: CRISTÃO PODE COBRAR JUROS?



APRESENTAÇÃO

Você sabe o que é usura? A Bíblia fala sobre isso? Você conhece alguém (ou até pode ser você) que cobra juros? Será que isso é correto? Até que ponto isso passa a ser usura? Eu sou Natannael Oliveira e vamos para O QUE A BÍBLIA DIZ.


DEDICAÇÃO

Dedico esse texto ao Jorge Lima que indicou o assunto.


INTRODUÇÃO

Falar de dinheiro é muito complicado, principalmente quando você tem o seu próprio negócio, onde o pensamento é um só, LUCRAR. Até aí tudo bem. Pior é quando o dinheiro e esse pensamento "lucrativo" passa à nos dominar, tornando-nos obcecados em se dá bem nos negócios e ter vantagem em tudo. E uma das coisas ruins que pode acontecer é a usura.


1. DEFINIÇÃO

O Dicionário Aurélio define usura da seguinte forma: “Delito cometido por quem empresta dinheiro, cobrando taxa excessiva de juros; agiotagem. Juro excessivo, muito além da taxa usual ou legal”. Alguns autores, entre eles, Houaiss, derivam a palavra “juros” de “jus”, “juris” ("direito, justiça"). Os juros seriam, portanto, o que é direito receber pelo aluguel de determinada quantia. No decorrer da história, vários conceitos e ensinamentos foram desenvolvidos sobre o tema. Alguns a favor, outros contra, nas mais variadas culturas, que usaram, por vezes, os termos “usura” e “juros” como sinônimos. Somente no século 18, quando as leis da economia começam a ser estudadas cientificamente, é que se propõe a distinção entre os vocábulos: “juros” e “usura”, usando-se juro para designar a taxa de remuneração pelo uso do dinheiro e usura para o empréstimo de dinheiro a taxas superiores às legais.


2. A USURA AO LONGO DA HISTÓRIA

Inicialmente, cumpre consignar que a usura teve diversas significações ao longo dos tempos, razão pela qual o seu estudo deve englobar, ainda, os contextos fáticos e sociais de cada época. A polêmica sobre os juros é que a cobrança excessiva sempre provoca maiores danos ao devedor. No conceito atual, usura não significa simplesmente o interesse devido pelo uso de alguma coisa. É o interesse excessivo, isto é, a estipulação exagerada de um juro, que ultrapasse ao máximo a taxa legal, ou a estipulação de lucro excessivo, ou excedente do lucro normal e razoável.

Vários códigos éticos mais antigos da humanidade já falavam sobre a usura, como o de Hamurabi, por exemplo. Aristóteles foi enfático ao condenar a usura. Condenava-a em qualquer forma. A tese dele era a de que a moeda, ao contrário dos seres vivos, não se reproduz, portanto, não poderia produzir filhotes.

O problema é o que caracteriza um juro abusivo. As taxas praticadas historicamente em diversos locais e povos variavam sensivelmente. Em Atenas, a taxa de juros era de 12% ao ano; na China, habitualmente, cobrava-se 12%, elevando-se a taxa se o empréstimo fosse a longo prazo, podendo atingir até 30%; em Roma, a taxa era de 12%, mas efetuavam-se empréstimos até 48%; na Idade Média, os lombardos e judeus cobravam taxa de 20%. Henrique VIII, na Inglaterra, em 1546, proibiu taxa superior a 10%; mas, nas colônias inglesas, notadamente na Índia, cobravam-se até 60%.

Desde muito tempo, a Igreja Católica se manifestou sobre os ganhos usurários, apesar de explorar o povo de outras formas. Basílio, em especial, e Tomás de Aquino, ao longo da Idade Média, também condenaram a usura. Essas condenações compartilham a característica de condenar qualquer cobrança de juros, sob o nome comum de usura, qualquer que seja a taxa praticada. Em 1745, o papa Benedito XIV promulgou a encíclica Vix Pervenit condenando a usura. Santo Tomás de Aquino tinha a usura como pecado contra a própria justiça. A usura, segundo a Igreja Católica, estaria ligada, ainda, à avareza e à preguiça, condutas claramente contrárias ao que se espera de um bom cristão.

Só no final do século 15 surgem os primeiros diplomas legais que estipulariam os valores cobrados pelo empréstimo de dinheiro. Passou-se, então, a distinguir juro de usura. Juro era a taxa cobrada dentro dos valores estipulados em lei; usura seria o termo utilizado para se referir à cobrança de taxas superiores ao limite máximo permitido legalmente.


3. A USURA E TAXAS DE JUROS NO DIREITO BRASILEIRO

O Brasil, no limiar de sua história, por ser colônia, submetia-se à norma jurídica de Portugal. Em 1446, as Ordenações Afonsinas já regulavam a usura. D. Pedro II, em 24 de outubro de 1832, sancionou a lei que exterminava com o limite de juros. Silenciam-se as Constituições de 1824 e 1891 sobre a usura ou sobre o limite das taxas de juros. Vigente, então, a lei de 1832, prevalece a livre negociação dos juros.

Em 1º de janeiro de 1917, entra em vigor o Código Civil de 1916, que estabelece o limite de 6% como juros devidos por força de lei ou quando não convencionado pelas partes. Já se tratava de um avanço no sentido de coibir a usura. Em 1933, Getúlio Vargas promulgou a Lei da Usura (Decreto nº 22.626/33), fixou um limite de taxa de juros de 12% ao ano, bem como a impossibilidade do anatocismo (cobrança de juros sobre juros) com periodicidade inferior a um ano.

A Constituição Federal de 1934 dispunha que a usura era proibida e seria punida na forma da Lei. Mesmo fenômeno ocorre com a Carta Constitucional de 1946. A Carta Magna de 1967 atribui poderes ao presidente da República e ao senado federal por intermédio da resolução de alterar os limites dos juros. Em 1951, foi promulgada a Lei nº 1.521/51, que versava sobre os crimes contra a economia popular. Assim, a usura passou ao estatus de crime, observando-se mais um expoente legislativo no combate aos abusos na cobrança de juros.

A Carta Constitucional de 1988, vigente em nosso país, determina que as taxas de juros reais não possam ser superiores a 12% ao ano. A cobrança acima deste limite é conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades. A despeito de ser reconhecida a prática da usura como proibida no país e de ser lei complementar, a prática usurária continuou e o teto jamais foi reconhecido pela Corte Constitucional.

O Supremo Tribunal Federal (STF), por intermédio da Súmula n° 596, alberga a possibilidade de os bancos ou agentes componentes do sistema financeiro nacional de cobrarem os juros no patamar que lhes melhor aprouver. Claro que a cada nova eleição presidencial a política financeira tem mudanças neste sentido. O STF editou a Súmula n° 121, na qual é vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada. Essa súmula impede, terminantemente, o anatocismo. Tal qual já dispunha o Código Comercial.


4. O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE A USURA?

Em regra geral, a Bíblia condena a usura. Vejamos algumas passagens bíblicas:

“Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não agirá com ele como credor que impõe juros.” (Êxodo 22.25).

“Se teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então, sustentá-lo-ás. Como estrangeiro e peregrino ele viverá contigo. Não receberás dele juros nem usuras; teme, porém, ao teu Deus, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com juros, nem lhe darás alimento para receber usura.” (Levítico 25.35-37).

“Ao estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com juros, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a qual passas a possuir.” (Deuteronômio 23.20)

“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade e pratica a justiça... O que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado.” (Salmos 15.1,2,5).

“E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.” (Lucas 6.34,35).


5. LUCRO NA BÍBLIA

Várias palavras, no grego e no hebraico, tratam, de forma geral, sobre o lucro:

a) Betsa ou batsa: “ganho desonesto, despojo”:

"Vieram reis e pelejaram; pelejaram os reis de Canaã em Taanaque, junto às águas de Megido; porém não levaram nenhum DESPOJO (betsa) de prata." (Juízes 5.19);

"Ou tem o Todo-Poderoso interesse em que sejas justo ou algum LUCRO (betsa) em que faças perfeitos os teus caminhos?" (Jó 22.3);

"Tal é a sorte de todo GANANCIOSO (batsa); e este espírito de GANÂNCIA (batsa) tira a vida de quem o possui." (Provérbios 1.19);

"O que é ávido por LUCRO (betsa) desonesto transtorna a sua casa, mas o que odeia o SUBORNO (batsa), esse viverá." (Provérbios 15.27);

"O que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho de opressão; o que, com um gesto de mãos, recusa aceitar SUBORNO (batsa); o que tapa os ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o mal" (Isaías 33.15);

"Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que nada compreendem, e todos se tornam para o seu caminho, cada um para a sua GANÂNCIA (batsa), todos sem exceção." (Isaías 56.11);

"Levanta-te e debulha, ó filha de Sião, porque farei de ferro o teu chifre e de bronze, as tuas unhas; e esmiuçarás a muitos povos, e o seu GANHO (betsa) será dedicado ao Senhor, e os seus bens, ao Senhor de toda a terra." (Miquéias 4.13);

"Eis que bato as minhas palmas com furor contra a EXPLORAÇÃO (batsa) que praticaste e por causa da tua culpa de sangue, que há no meio de ti. Estará firme o teu coração? [...] Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa para derramarem o sangue, para destruírem as almas e ganharem LUCRO (betsa) desonesto." (Ezequiel 22.13,27).

b) Mechir: “preço, aluguel”:

"Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por PRÊMIO (mechir)." (Daniel 11.39);

"Não trarás SALÁRIO (mechir) de prostituição nem PREÇO (mechir) de sodomita à Casa do Senhor, teu Deus, por qualquer voto; porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor, teu Deus." (Deuteronômio 23.18);

"Porém o rei disse a Araúna: Não, mas eu to comprarei pelo devido PREÇO (mechir), porque não oferecerei ao Senhor, meu Deus, holocaustos que não me custem nada. Assim, Davi comprou a eira e pelos bois pagou cinquenta siclos de prata." (2 Samuel 24.24);

"Os cavalos de Salomão vinham do Egito e da Cilícia; e comerciantes do rei os recebiam da Cilícia por certo PREÇO (mechir)." (1 Reis 10.28);

"Os cavalos de Salomão vinham do Egito e da Cilícia; e comerciantes do rei os recebiam da Cilícia por certo PREÇO (mechir)." (2 Crónicas 1.16);

"Vendes por um nada o teu povo e nada lucras com o seu PREÇO (mechir)." (Salmos 44.12);

"Os teus bens e os teus tesouros entregarei GRATUITAMENTE (mechir) ao saque, por todos os teus pecados e em todos os teus territórios." (Jeremias 15.13).

c) Tebuah: “aumento, fruto”:

"Porque melhor é o LUCRO (tebuah) que ela dá do que o da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino." (Provérbios 3.14);

"Melhor é o meu FRUTO (tebuah) do que o ouro, do que o ouro refinado; e o meu rendimento, melhor do que a prata escolhida." (Provérbios 8.19);

"Na casa do justo há grande tesouro, mas na RENDA (tebuah) dos perversos há perturbação." (Provérbios 15.6);

"Melhor é o pouco, havendo justiça, do que grandes RENDIMENTOS (tebuah) com injustiça." (Provérbios 16.8) ;

"Através das vastas águas, vinha o cereal dos canais do Egito e a ceifa do Nilo, como a tua RENDA (tebuah), Tiro, que vieste a ser a feira das nações." (Isaías 23.3);

"Semearam trigo e segaram espinhos; cansaram-se, mas sem proveito algum. Envergonhados sereis dos vossos FRUTOS (tebuah), por causa do brasume da ira do Senhor." (Jeremias 12.13).

d) Kérdos: “lucro”:

"Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é LUCRO (kérdos)." (Filipenses 1.21);

"Mas o que, para mim, era LUCRO (kérdos), isto considerei perda por causa de Cristo." (Filipenses 3.7);

"É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe GANÂNCIA (kérdos)." (Tito 1.11).

O verbo, kerdalno, “lucrar”, aparece treze vezes no Novo Testamento:

"Pois que aproveitará o homem se GANHAR (kerdalno) o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?" (Mateus 16.26);

"Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, GANHASTE (kerdalno) a teu irmão." (Mateus 18.15);

"Do mesmo modo, o que recebera dois GANHOU (kerdalno) outros dois. [...] Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, ENTREGOU (kerdalno) outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que GANHEI (kerdalno). [...] E, aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me CONFIASTE (kerdalno); aqui tens outros dois que GANHEI (kerdalno)." (Mateus 25.17,20,22);

"Que aproveita ao homem GANHAR (kerdalno) o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8.36);

"Que aproveita ao homem GANHAR (kerdalno) o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?" (Lucas 9.25);

"Havendo todos estado muito tempo sem comer, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Senhores, na verdade, era preciso terem-me ATENDIDO (kerdalno) e não partir de Creta, para evitar este dano e perda." (Atos 27.21);

"Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de GANHAR (kerdalno) o maior número possível. Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de GANHAR (kerdalno) os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para GANHAR (kerdalno) os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para GANHAR (kerdalno) os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de GANHAR (kerdalno) os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns." (1 Coríntios 9.19-22).

e) Porismôs: “obtenção, provisão”

"Altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de LUCRO (porismôs). De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento." (1 Timóteo 6.5,6).

f) Ergasla: “esforço, trabalho”, com o sentido de lucro:

"Aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos saiu ao encontro uma jovem possessa de espírito adivinhador, a qual, adivinhando, dava grande LUCRO (ergasla) aos seus senhores. [...] Vendo os seus senhores que se lhes desfizera a esperança do LUCRO (ergasla), agarrando em Paulo e Silas, os arrastaram para a praça, à presença das autoridades" (Atos 16.16,19);

"Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito LUCRO (ergasla) aos artífices" (Atos 19.24).

A forma reforçada, prosergâzomai, “visar o lucro”, aparece uma vez, em Lucas 19.16:

"Compareceu o primeiro e disse: Senhor, a tua mina RENDEU (prosergâzomai) dez."

g) Pleonektéo: “tirar vantagem de”:

"Porventura, vos EXPLOREI (pleonektéo) por intermédio de algum daqueles que vos enviei? Roguei a Tito e enviei com ele outro irmão; porventura, Tito vos explorou? Acaso, não temos andado no mesmo espírito? Não seguimos nas mesmas pisadas?" (2 Coríntios 12.17,18).

Conforme se vê nesta lista, as palavras apontam para um lucro obtido por meio da violência, da injustiça (Juízes 5.19), para os despojos (Provérbios 1.19), para o ato de alugar, de contratar (Miquéias 4.13). Ou, então, para uma recompensa (Daniel 11.39) e para o ganho mediante o ato de compra (Daniel 2.8).

Deus condena a usura e a riqueza desonesta:

"Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário" (Jeremias 22.13);

"Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Tendes vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração, em dia de matança; tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência." (Tiago 5.1-6);

"Sendo, pois, o homem justo e fazendo juízo e justiça, não comendo carne sacrificada nos altos, nem levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua menstruação; não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor a coisa penhorada, não roubando, dando o seu pão ao faminto e cobrindo ao nu com vestes; não dando o seu dinheiro à usura, não recebendo juros, desviando a sua mão da injustiça e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; andando nos meus estatutos, guardando os meus juízos e procedendo retamente, o tal justo, certamente, viverá, diz o Senhor Deus." (Ezequiel 18.5-9).

Onde a ganância prevalece, aí surgem os abusos. A prática de hipotecar terras, às vezes, a juros exorbitantes, cresceu entre os judeus durante o cativeiro babilônico, o que violava diretamente a antiga lei mosaica. Assim, Neemias precisou arrancar um juramento da parte de seus compatriotas, a fim de que esse abuso tivesse um ponto final (Neemias 5.3-13).

Os vocábulos gregos usados no Novo Testamento referem-se ao trabalho ou aos negócios (Atos 16.16,19). À vantajosa obtenção da vida eterna, adquirida por ocasião da morte biológica do crente (Filipenses 3.7), a algum meio de ganho (1 Timóteo 6.5,6), a obter ganho ou lucro (Mateus 16.26; 18.15; 25.17) e ao lucro por meio do comércio:

"Compareceu o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez." (Lucas 19.16).

Resumidamente, portanto, um israelita não podia cobrar juros de um compatriota:

"Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não te haverás com ele como credor que impõe juros." (Êxodo 22.25);

"Não receberás dele juros nem ganho; teme, porém, ao teu Deus, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com juros, nem lhe darás o teu mantimento por causa de lucro." (Levítico 25.36,37);

"A teu irmão não emprestarás com juros, seja dinheiro, seja comida ou qualquer coisa que é costume se emprestar com juros. Ao estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com juros, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a qual passas a possuir." (Deuteronômio 23.19,20).

Muitos deles praticaram a agiotagem, a despeito de isso ser-lhes vedado pela lei mosaica, que condena tal prática como desonesta e imoral:

"Quando sobem os perversos, os homens se escondem, mas, quando eles perecem, os justos se multiplicam." (Provérbios 28.28);

"Emprestar com usura e receber juros, porventura, viverá? Não viverá. Todas estas abominações ele fez e será morto; o seu sangue será sobre ele." (Ezequiel 18.13;

"No meio de ti, aceitam subornos para se derramar sangue; usura e lucros tomaste, extorquindo-o; exploraste o teu próximo com extorsão; mas de mim te esqueceste, diz o Senhor Deus." (Ezequiel 22.12).

Todavia, juros podiam ser legitimamente cobrados de estrangeiros que pedissem empréstimos:

"Ao estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com juros, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a qual passas a possuir." (Deuteronômio 23.20).

Sabemos que, nos dias do Novo Testamento, os juros cobrados sobre os empréstimos eram a regra econômica da época:

"Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu." (Mateus 25.27);

"Por que não puseste o meu dinheiro no banco? E, então, na minha vinda, o receberia com juros." (Lucas 19.23).

Supõe-se que, na sociedade hebreia, a lei contra a cobrança de juros de algum irmão (compatriota israelita) prevalecia de modo geral, embora com abusos ocasionais.


6. UM CRISTÃO PODE COBRAR JUROS?

Existem vários tipos de juros. No caso desta pergunta, pensamos que seja cobrar uma taxa por algum dinheiro emprestado. Jesus não condenou a prática de cobrar juros; mas não demonstrou apreciação pela prática da usura:

"Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. A luz e as trevas" (Mateus 6.19-21).

Há um Senhor mais alto a quem devemos servir:

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. A ansiosa solicitude pela vida" (Mateus 6.24).


CONCLUSÃO

Concluo com as palavras de Jesus:

"Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo..." (Mateus 5.25,26).

O texto nos mostra que Jesus preferia atitudes amigáveis e hospitaleiras como fatores para ajudar na solução de problemas surgidos entre credores e devedores em lugar de coerção legal. No entanto, todos os cristãos devem pagar impostos nos países onde vivem. Essa é uma dívida legal e apropriada, conforme Romanos 13.6. A usura está intimamente ligada à cobrança excessiva de juros e, por isso, constitui crime no Direito Penal brasileiro; aquele que pratica a usura é popularmente conhecido como agiota. Tal expressão se refere não somente ao particular, mas também às pessoas jurídicas que especulam indevidamente e ultrapassam o máximo da taxa de juros prevista legalmente, praticando crime contra o sistema financeiro nacional (Lei nº 7.492/86).

Você ficou com alguma dúvida? Esse assunto é um pouco complexo, mas é de extrema importância. Curte e compartilha com todos os seus amigos. Deixa nos comentários a sua opinião sobre o assunto. Até a próxima.

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