OBRA DO SENHOR



A SERIEDADE NA OBRA DO SENHOR



TEXTO BASE

“Maldito aquele que fazer a obra do Senhor relaxadamente! Maldito aquele que retém a sua espada do sangue!” (Jeremias 48.10).


APRESENTAÇÃO

Por anos, tenho escutado este famoso versículo, tanto presenciando exortações ou mesmo sendo exortado por alguma liderança eclesiástica sobre a seriedade quanto ao serviço do Senhor. Gloria a Deus por isso! Admito que por muito tempo pensei ser este verso um dito popular cristão ou mais um tipo de jargão “gospel”, mas para a minha surpresa este versículo não só se encontra nas sagradas escrituras como também é uma proclamação direta de nosso Deus através de seu profeta Jeremias, de forma firme e gloriosa.

Mas a grande questão é, será mesmo que esse versículo se aplica às nossas vidas nos dias atuais? O que realmente esse verso quer dizer? Que Deus nos conceda sua graça e que por intermédio do Espírito Santo nos ilumine e nos ensine a entender e aplicar essa poderosa verdade em nossas vidas para a glória de Deus o Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo.


INTRODUÇÃO

Estamos estudando o final do livro do profeta Jeremias. O capítulo 48 faz parte de uma sequência de profecias de juízo que vão do capitulo 46 ao 51. Profecias estas destinadas a várias nações, dentre elas algumas famosas como Egito, Babilônia e Moabe que em especial estudaremos nesta pequena exposição.

Os moabitas eram descendentes de Ló. Durante a época dos patriarcas geralmente eram bons vizinhos dos israelitas. Em todo o capitulo 48 esta profecia de destruição se estende somente ao povo moabita. Neste capítulo são 47 versículos em que o Senhor pronuncia a destruição, os motivos para o acontecimento e uma promessa de retorno e esperança. História muito semelhante com a do povo de Deus.

Como de costume Deus usará mãos humanas para executar juízo contra Moabe. Uma nação seria levantada pelo próprio Senhor, não se sabe ao certo qual foi, mas sabemos que na ocasião este povo foi um instrumento nas mãos de Deus para realizar a obra a ser feita: A destruição de Moabe.


1. TUDO SERÁ DESTRUÍDO

Porque virá o destruidor sobre cada uma das cidades, e nenhuma cidade escapará, e perecerá o vale, e destruir-se-á a campina; porque o Senhor o disse." (Jeremias 48.8)

No versículo 8, o Senhor diz que não deixará que nenhuma cidade escape das mãos do destruidor [nação que destruirá Moabe], e tudo isso ocorrerá porque somente “O Senhor o disse”. A nação que o Senhor levantou para destruir Moabe, assim como ele levantou a Babilônia para destruição de Judá, se portou dessa maneira porque o Senhor os ordenou e levantou. Sabendo eles ou não, os desígnios do Senhor se cumpririam.


2. A OBRA É DESTRUIR MOABE

“Maldito aquele que fazer a obra do Senhor relaxadamente! Maldito aquele que retém a sua espada do sangue!” (Jeremias 48.10).

Já sabemos qual era a obra do Senhor no contexto: Destruir Moabe. Já sabemos também que uma nação foi encarregada desta obra. A partir disto podemos compreender este versículo: “Madito é aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”. "Fizer a obra do Senhor relaxadamente” ou seja, com negligência; a obra não deveria ser realizada de maneira parcial. Esta nação levantada para peleja contra os moabitas deveria executar um serviço completo.

Na parte b do versículo continua: “Maldito aquele que retém a sua espada do sangue”. O que Deus os levantou para realizar deveria ser feito, eles não deveriam escolher poupar aquele povo, pois maldito seria este negligente. Percebe-se que essa história não se trata do povo de Deus, mas ainda assim aprouve ao Senhor naquela ocasião usá-los e mesmo não sendo crentes esta exortação foi de encontro a eles: “Maldito é aquele que faz a obra do Senhor relaxadamente!”.

Porém, agora, temos uma questão. Se este texto não se refere a crentes, isto de alguma forma serve para nós? Creio que sim.


3. O QUE ESSE TEXTO APLICA A NÓS?

Sabemos que nosso Deus não muda (Hebreus 13.8) e seus princípios também são imutáveis. Aqui não é diferente. Neste versículo é revelado um princípio de Deus para todo aquele que leva a mão ao arado. Matthew Henry ao comentar este versículo diz: “A esta obra aplica-se a regra geral a todos aqueles que são empregados em qualquer serviço para Deus”. Outro ponto a ser destacado é que se houve tal exigência do Senhor para “descrentes”, quanto mais a nós, escravos de Cristo, comprados por bom preço e preço de sangue para nosso Senhor?

Talvez assuste um pouco o uso da palavra escravo e sobre isto quero discorrer mais um pouco. Seria necessário um livro para a explicação em detalhes, mas em resumo, todas as vezes que a palavra no original do grego (doulos) foi traduzida na grande maioria das traduções da bíblia, esta palavra foi traduzida como servo. Porém, segundo o teólogo John MacArthur, sua real tradução é 'escravo'*. Outro bom ponto a ser citado é que por mais que os serviços do escravo sejam semelhantes ao do servo, há grandes diferenças entre eles. Os escravos romanos os quais os apóstolos e o próprio Cristo usaram como exemplo em alguns sermões, eram essencialmente diferentes dos escravos africanos que foram deportados para a América séculos depois. Em paralelo a escravatura romana, a igreja do Senhor não só reconheceu a Cristo como o seu Deus e Senhor (Kyrios), mas também a si mesmo como seu escravo (doulos). O termo 'Kyrios' traduzido como 'Senhor' carregava consigo dois significados que os judeus conheciam muito bem. Kyrios era usado como tradução do hebraico para o grego de duas palavras: "Yahweh", o nome do Deus da aliança, e "Adonai", que significa mestre. Logo a referência a Cristo como Kyrios significava reconhecê-lo como Deus, Senhor e também mestre.
Além do mais Kyrios e doulos são da mesma relação, pois o dizer a alguma determinada pessoa: És meu 'Kyrios', é o mesmo que se colocar na posição de escravo desta pessoa. Pois onde a um Kyrios (Senhor) a um doulos (escravo).

Logo viver uma vida dedicada a nosso Senhor, é muito mais que uma opção; é sim nosso dever! Dever esse não baseado em medo pela tirania do mestre, mas sim em amor, pois nós outrora estávamos debaixo de tiranos mestres que nos subjugavam, a saber, satanás e o pecado, mas agora temos um novo mestre, e perfeito mestre, digno de todo nosso amor e devoção. Como então nos dedicamos com frouxidão àquele que nos justificou e nos comprou com seu próprio sangue e nos levou da nossa antiga servidão ao pecado e nos conduziu a um novo mestre? Mestre este que deixou sua gloria, assumindo forma de 'doulos', e realizou a obra que o Pai o enviou para fazer em plena obediência, dedicação e perfeição!


CONCLUSÃO

Posso citar diversas formas e situações em que fazemos a obra do Senhor relaxadamente, creio que no decorrer desta leitura, foram lembrados momentos de nossa parte de descaso e má vontade com a obra de Deus. Mas que a partir de hoje dediquemos todo nosso tempo, recursos e talentos para vivermos uma vida para honra e gloria de nosso Senhor. Temos o maior dos exemplos. Que corramos olhando para Cristo a carreira que nos é proposta!

"Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta,
tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus." (Hebreus 12.1,2)

*John MacArthur faz, no seu livro Escravos, uma análise minuciosa sobre o uso do termo original 'doulos' e suas traduções modernas.


TEXTO: Dennis Lima
EDIÇÃO: Wrias Santos e Natannael Oliveira
REVISÃO: Natannael Oliveira

MATERIAIS CONSULTADOS:
Bíblia de Estudo Matthew Henry
Escravo, John Macarthur
Introdução e comentário de Jeremias e lamentações, R.K.Harrison

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