LEI E GRAÇA
QUAL A RELAÇÃO ENTRE LEI E A GRAÇA?
Exposição de Romanos 7
APRESENTAÇÃO
Entender e explicar a relação entre lei e graça parece ser um desafio muito grande para os cristãos nos dias de hoje. Agora, imagine no tempo da igreja primitiva. Pois é essa relação que Paulo ensinou. E é essa relação que vamos tentar explicar para você através dessa exposição de Romanos 7. Eu sou Natannael Oliveira e vamos para O QUE A BÍBLIA DIZ.
TEXTO
"Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida? Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias. Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra. Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado. Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri. E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte. Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou. Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom. Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado." (Romanos 7.1-25)
INTRODUÇÃO
Sem dúvida, Romanos 7 é um dos textos mais complexos da epístola e, talvez, um dos mais difíceis de interpretar em todo o Novo Testamento. Por isso, há tanta polêmica entre os estudiosos. A grande tensão está na dificuldade que os ouvintes de Paulo, especialmente os judeus, tinham de relacionar a lei com a fé em Jesus Cristo. O propósito desse texto é definir e explorar os principais aspectos que dizem respeito à lei e ao seu relacionamento com o cristão.
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A LEI
No trecho em estudo, aparece 21 vezes a palavra “lei”. Tal frequência indica o tema central do trecho. Façamos algumas considerações sobre a palavra “lei” na Bíblia.
1.1. Que é lei?
De maneira simples, tomamos “lei” como a vontade de Deus revelada aos homens em palavras, princípios, preceitos, julgamentos, atos (confira Salmos 119).
"Então, disse o Senhor a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis?" (Êxodo 16.28).
Na Bíblia, geralmente está relacionada ao Antigo Testamento, mas não significa que o Novo Testamento não apresenta normas ao crente.
A) O Pentateuco – Nominado pelos judeus de “A Lei” (Torá), Pentateuco é o conjunto dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento. De origem grega, Pentateuco significa “cinco volumes”. Para os judeus, ouvintes de Paulo, a Torá, designava todo o conjunto de leis da sua tradição – lei escrita e lei oral.
B) O Antigo Testamento – O Antigo Testamento também era visto como um tipo de compêndio de toda a lei de Deus.
C) Um princípio – Lei, em sentido geral, significa regra, prescrição que emana de autoridade soberana. Assim, lei também é entendida como um princípio de obediência a toda orientação de Deus. Nesse sentido o Novo Testamento é lei de Deus.
D) A lei de Deus – Significa todo desígnio de Deus ao homem – a Bíblia em sua constituição total (66 livros, confira Salmos 119);
"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça" (2 Timóteo 3.16).
1.2. Três possíveis atitudes diante da lei
John Stott, em sua obra A Mensagem de Romanos, menciona três tipos de pessoas e as atitudes que elas adotam diante da lei.
A) O legalista – Observa rigorosamente a lei, mas está sob sua servidão. Uma vez que não é capaz de cumprir integralmente a lei, acaba vivendo de aparências. Pauta seu comportamento pela religiosidade hipócrita. Observa excessivamente o exterior, mas não é capaz de examinar o próprio interior. Aponta os pecados alheios, mas não enxerga os próprios erros.
B) O antinomiano (ou libertino) – Detesta a lei e a lança fora. Transforma a liberdade em libertinagem. Rejeita integralmente a lei e se declara completamente livre de suas exigências. Para quem pensa assim, a lei é causadora de todos os seus problemas. Vive sem normas ou limites.
C) O cristão equilibrado – Respeita, ama e obedece à lei. Ele se alegra pela libertação do regime da lei e pela liberdade que Deus dá para cumpri-la. Regozija-se pela oportunidade de observar a revelação de Deus – a Bíblia:
"Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom." (Romanos 7.12).
Reconhecendo que a força para cumprir tais preceitos vem do Senhor.
1.3. Os objetivos da lei
A) Ser uma revelação de Deus e de Sua vontade.
B) Proporcionar bem-estar e preservação da raça humana.
C) Pôr o pecado às claras.
D) Levar os homens ao arrependimento e à confiança na graça de Deus.
E) Prover orientação para a vida do cristão.
2. A SEVERIDADE DA LEI
"Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida? Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias. Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra." (Romanos 7.1-6).
Paulo inicia a seção indagando se os seus ouvintes conheciam os limites da lei. O texto deixa claro que os ouvintes do apóstolo conheciam a lei (Romanos 7.1). Para ele, “a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Romanos 7.12). O problema estava no conceito que se dava à lei. Segundo F. F. Bruce, os ouvintes de Paulo entendiam que, devido à penosa conformidade com um código de leis, era possível adquirir mérito para salvação diante de Deus.
2.1. O princípio
"Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida?" (Romanos 7.1).
O princípio estabelecido é: a lei tem autoridade sobre o homem somente enquanto ele vive. A morte invalida o domínio da lei sobre o indivíduo e o desobriga dos compromissos contratuais. Com a morte, os preceitos da lei são dados como terminados. O princípio é visto de maneira universal como uma sentença legal para qualquer tipo de lei: grega; romana; judaica ou bíblica.
2.2. A ilustração
"Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias." (Romanos 7.2-3).
Paulo explica o princípio da autoridade da lei usando a ilustração do casamento. A mulher está legalmente unida ao marido enquanto ele viver (o mesmo se aplica ao marido). O compromisso conjugal só é rompido quando uma das partes morre. As obrigações de um para com o outro são canceladas na morte. Matrimônio para toda a vida não significa para além da vida. Na ilustração, o marido morre, e a esposa fica livre para contrair novas núpcias. No tema em questão, existe uma morte que nos libera da escravidão da lei, pois pela morte de Cristo somos libertos das exigências da lei. É evidente que isso só ocorre por meio da fé em Jesus.
2.3. A aplicação
"Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra." (Romanos 7.4-6).
Na morte de Cristo, o homem pode ser liberto do regime da lei e contrair novo relacionamento, agora com o próprio Senhor Jesus (Romanos 7.4). A nova união, porém, não pode ser desfeita uma vez que Cristo ressuscitou e não mais morrerá (Romanos 7.9). Então o crente pode frutificar para Deus, uma vez que morreu com Cristo. John Stott alerta para o fato de que estar emancipado da escravidão da lei não significa estar livre para fazer o que quiser. Libertação da lei não significa liberdade para pecar, e sim liberdade para servir a Deus (Romanos 7.6). F. F. Bruce conclui dizendo que a morte e o pecado são resultados da associação com a lei, mas a vida e a justiça são o resultado da união com Cristo.
3. O MINISTÉRIO DA LEI
"Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado. Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri. E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte. Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou. Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom. Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno." (Romanos 7.7-13).
3.1. A lei é pecado?
A resposta é franca e clara: “De modo nenhum!” (Romanos 7.7). O apóstolo precisava ter certeza de que seus ouvintes não deturpariam seus ensinos sobre a lei. Mas se por um lado a lei não é pecado, qual a relação entre pecado e lei?
A) A lei revela o pecado (Romanos 7.7) – Paulo já havia escrito algo a respeito: “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3.20). Agora ele diz: “eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Romanos 7.7). A lei é capaz de revelar os pecados mais ocultos e conduzir o indivíduo à luz. Paulo ainda menciona o décimo mandamento: “pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Romanos 7.7). Paulo dá testemunho da ação da lei em sua vida, citando o pecado da cobiça.
B) A lei desperta o pecado (Romanos 7.8) – Para melhor compreensão do verso, faz-se necessário observar como algumas versões traduziram Romanos 7.8.
Bíblia Viva – “O pecado, no entanto, usou essa lei contra os maus desejos lembrando-me que eles estão errados, e despertando dentro de mim toda sorte de desejos proibidos! Somente se não houvesse leis para serem quebradas é que não haveria pecado”.
Cartas para Hoje – “Mas o pecado em mim, encontrando no mandamento oportunidade para se manifestar, estimulou todos os meus desejos. Pois na ausência da lei o pecado não tem vida própria”.
NTLH – “Porém o pecado se aproveitou dessa lei para despertar em mim todo tipo de cobiça. Porque, se não existe a lei, o pecado é uma coisa morta”.
A lei não só revela o pecado como também o expõe ou o desperta. A natureza pecaminosa do homem, em contraposição à lei de Deus, o leva a fazer o que é proibido. É como se a lei funcionasse como um fio condutor que desperta a atenção do homem para o pecado e, ao perceber o pecado, ele se sente estimulado a fazer o que não deve. O que é proibido pela lei sempre parece mais prazeroso, porém, sempre será condenado por Deus e pela própria lei.
C) A lei condena o pecado (Romanos 7.8-11,13) – Se não existir lei, também não existirá transgressão (Romanos 7.9). Se pecado é toda forma de transgressão à lei de Deus (1 João 3.4), ela existe justamente para condenar o pecado. O papel da lei é mostrar às pessoas que elas são pecadoras e estão destinadas a morrer. A lei revela, desperta e condena o pecado, mas Paulo deixa claro que a lei não é responsável pelos nossos pecados nem por nossa morte como não foi para ele. Nossa inclinação ao erro é que nos faz pecar, e o pecado nos conduz à morte (Romanos 7.13). Por isso, a lei sempre vai exercer seu papel de condenar o pecado.
3.2. Atributos da lei
"Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom." (Romanos 7.12).
Paulo caracteriza a lei com palavras simples, mas profundas: “a lei é santa, e o mandamento, santo, e justo, e bom”. As características da lei simplesmente refletem o caráter de Deus, sendo uma cópia de Sua perfeição. Isso mostra que o problema não está na lei, e sim em nós. A lei sempre exerceu seu papel perfeito como perfeito é Deus.
4. A LEI E A CARNE
"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. 15. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. 16. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. 17. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. 18. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. 19. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. 20. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. 21. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. 22. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; 23. mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. 24. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? 25. Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado." (Romanos 7.14-25).
O problema nunca esteve na lei, mas no homem que é frágil e pecador. O ser humano não é capaz de cumprir integralmente os preceitos da lei e se vê em constante conflito. Exemplo dessa situação encontramos na vida do apóstolo Paulo.
4.1. Os conflitos de Paulo
"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros." (Romanos 7.14-23).
Paulo sentiu na pele os conflitos gerados pelo conhecimento da lei, que o direcionava à vontade de Deus, ao mesmo tempo em que era assediado pelo pecado, que tentava conduzi-lo à morte. Há conflitos entre o que é espiritual e o que é carnal (Romanos 7.14), e entre o saber e o fazer (Romanos 7.15,23). Os constantes conflitos do apóstolo remetem aos três tempos da santificação: somos libertos da culpa do pecado na justificação em Cristo; estamos sendo libertos do poder do pecado pela ação do Espírito Santo e seremos libertos da presença do pecado no encontro com Deus Pai (glorificação).
4.2. O desespero de Paulo
"Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7.24).
O grito ecoado de Paulo não é um pedido de socorro de alguém que está completamente perdido nem um apelo sem convicções a respeito de sua salvação, mas um desabafo, em forma de pergunta retórica, de um servo que está fragilizado pelas lutas e anseia pela libertação do pecado.
4.3. A única saída
"Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado." (Romanos 7.25).
Paulo lamenta ser influenciado pelo pecado e fazer algo que não deseja, ansiando pela libertação plena da escravidão do pecado. Ele exalta a Deus por meio do Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador.
CONCLUSÃO
Vimos que alguns homens de Deus (da nação de Israel) consideravam a lei uma salvaguarda contra o pecado. Por isso, usando a própria experiência, o apóstolo Paulo ensinou que a lei de Deus propriamente dita não tem nenhuma falha (Romanos 7.12), mas que a religião exercida sob o domínio de códigos de leis não possibilita mérito diante de Deus. A salvação, bem como a luta contra o pecado e a prática dos preceitos de Deus, deve ser entendida a partir da fé na obra redentora do Senhor Jesus Cristo.
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