DEUS NÃO SABE O FUTURO?



O QUE É O TEÍSMO ABERTO?



APRESENTAÇÃO

A pedido da Ana Paula Silva, vamos falar de uma heresia chamada teísmo aberto. É importante você ficar informado sobre essa doutrina. Ela parece ser um absurdo, mas existem muitas pessoas confusas quanto a esses ensinamentos complexos, pois existem muitos cristãos que estão a beira do teísmo aberto, se escorregar, cai de cara nessa heresia. Eu sou Natannael Oliveira e vamos para O QUE A BÍBLIA DIZ.


INTRODUÇÃO

"Teísmo aberto”, também conhecido como “teologia da abertura” e “abertura de Deus”, é uma tentativa de explicar a relação entre o pré-conhecimento de Deus sobre os fatos e o livre arbítrio dos homens. Os argumentos do teísmo aberto são essencialmente estes:

1. Seres humanos são verdadeiramente livres;

2. Se Deus soubesse o futuro absolutamente, os seres humanos não poderiam ser verdadeiramente livres;

3. Deus não sabe absolutamente tudo sobre o futuro.

O teísmo aberto acredita que o futuro não pode ser conhecido. Portanto, Deus sabe tudo o que pode ser sabido – mas Ele não conhece o futuro.

O teísmo aberto baseia estas crenças em Escrituras que descrevem Deus “mudando de idéia”, ou “sendo surpreendido”, ou “parecendo adquirir conhecimento”:

"Então, SE ARREPENDEU o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração" (Gênesis 6.6);

"Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois AGORA SEI que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho" (Gênesis 22.12);

"Então, SE ARREPENDEU o SENHOR do mal que dissera havia de fazer ao povo. (Êxodo 32.14);

"Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus SE ARREPENDEU do mal que tinha dito lhes faria e não o fez. (Jonas 3.10).

No final explico esses textos.


1. HISTÓRIA E ARGUMENTOS DO TEÍSMO ABERTO

O Teísmo Aberto tem origem na Teologia do Processo. Surgido na década de 30, a Teologia do Processo, tendo como principais representantes Charles Hartshorne, Alfred North Whitehead e John Cobb, é uma tendência filosófico-teológica chamada panenteísmo, que consiste na aproximação do pensamento teísta e panteísta; herdando as características de tais inovações mais filosóficas que teológicas, surgindo a seguir o Teísmo Aberto.

O termo Teísmo Aberto teria sido cunhado pelo adventista Richard Rice em 1979, quando publicou pela Review and Herald Publishing, o livro "A Abertura de Deus: a Relação entre a Presciência Divina e o Livre-arbítrio" (The Openness of God: The Relationship of Divine Foreknowledge and Human Free Will).

Jonh MacArthur, no ensaio Megamudança Evangélica chegou a apontar para o surgimento desse ensino tendo origem em Robert Brow, através de preleções em praça pública.

Apesar das origens na Teologia do Processo, na década de 1930, e das afirmações de Jonh MacArthur, em 1990, só houve uma infiltração desse modelo teológico no meio evangelical em 1986, por intermédio de Clark Pinnock, num ensaio denominado "Deus Limita seu Conhecimento" [God Limits His Knowledge].

Clark Pinnock e John Sanders tornaram-se os principais teólogos defensores desse ensino que ainda brota em diversos meios de divulgação da filosofia cristã.

Luiz Sayão, da revista Enfoque Gospel, em matéria sobre o tema resume uma frase a sucinta explicação do Teísmo Aberto para quem não conhece teologia: “Teísmo Aberto representa uma reação exagerada contra o calvinismo”.

USP, é uma teologia tipicamente Norte Americana: prática e simples. Em outra curta frase apresenta as conclusões do Teísmo Aberto: “Deus precisa deixar de ser Deus, tornando-se menos onipotente e onisciente para que não seja responsabilizado pelo sofrimento do mundo”.

Num famoso ensaio sobre o tema, o renomado teólogo Clark Pinnock, representante do Teísmo Aberto, em seu ensaio Deus Limita seu Conhecimento cita o livro de Richard Rice e afirma, entre outras, que "Deus antecipa o futuro de uma maneira analógica a nossa própria experiência" e apresenta a inovadora formulação teológica ao evangelicalismo da seguinte forma:

"Deus é onisciente no sentido de que conhece tudo o que pode ser conhecido, assim como Deus é onipotente no sentido de que pode fazer tudo que é possível ser feito. Contudo, ações existem para serem conhecidas. Deus pode conjecturar o que você vai fazer na próxima sexta-feira, mas não pode saber com certeza, porque você ainda não fez."

O teísmo Aberto não rendeu muitos adeptos e minguou sua divulgação, ou se restringia o debate em “salas” de teologia. No Brasil, quase não se conhecia sobre o assunto senão em salas teológicas até bem pouco tempo, quando dois expoentes do meio evangélico escreveram sobre a impossibilidade de onisciência plena de Deus. Por um deles ser membro de uma das maiores denominações entre os evangélicos, a Igreja Batista, tradicional entre os protestantes, o assunto causou polêmica. Seriam eles Ricardo Gondim e Ed René Kivitz. Surgiu então uma variedade de debates em blogs e salas de debate sobre o assunto, sendo os mesmos "acusados" de apóstatas da fé.

Oficialmente, afirmam que Deus é onisciente, contudo mesmo alguns estudiosos que saltam em defesa desses homens ousados e contestadores, expõem defesas apontando em direção ao Teísmo Aberto, ou parcialmente. Alguns questionamentos que conduzem a essa temática, recentemente apresentada por Paulo Brabo são:

"O que alguém está realmente dizendo quando recorre a abstrações como 'Deus é eterno por natureza'?
O que é ser eterno por natureza?
O raciocínio pode ser considerado um guia claro para a natureza da eternidade?
O que é ser onipresente?
Pode Deus estar presente em lugares que não existem?
O futuro é um lugar?
O futuro existe?
Faz sentido falar do futuro como algo além de possibilidade?
Faz sentido esperar que a perspectiva do tempo seja capaz de produzir vislumbres acurados sobre a natureza da eternidade?
Faz sentido esperar que Deus faça sentido racional?
Podemos tirar conclusões seguras a respeito de Deus a partir do raciocínio dedutivo?"

Os defensores procuram caminhar em direção ao “Teísmo Aberto” sem, contudo defender tal corrente teológica abertamente. Outros sugerem que Ricardo Gondim teria cunhado o termo “Teologia Relacional”, para defender parcialmente o Teísmo Aberto, contudo é sabido que a expressão fôra usada anteriormente por Clark Pinnock.

Na “Teologia Relacional”, defende-se a exclusão da interferência do Ser Supremo nas escolhas de suas criaturas, em detrimento do saber absoluto de Deus.

A tese dos defensores da Teologia Relacional, mais do que apresentar uma formulação e a defenderem, consiste primordialmente em criticar os conceitos estabelecidos pelo calvinismo. Quase toda a apresentação é voltada para uma argumentação crítica sem contudo firmar posição.

Na defesa de Ricardo Gondim, Paulo Brabo nega que seja defensor do Teísmo Aberto quando afirma:
“Como Gondim e Kivitz, prefiro a confortável posição de denunciar o calvinismo sem endossar a doutrina do Teísmo Aberto – doutrina que é no fim das contas tão limitante e extrema quanto a que pretende invalidar. Agir diferente seria glorificar uma ortodoxia em detrimento da outra; desmanchar um ídolo para colocar outro no lugar.” (Considerações de Paulo Brabo sobre Calvinismo e Teísmo Aberto).

Contudo, teólogos como Eduardo Joiner e muitos outros fizeram variadas críticas ao calvinismo sem, entretanto, abandonar os atributos da onisciência ou imutabilidade de Deus.

O próprio Ricardo Gondim, depois de alegações que estaria apostatando a fé, em uma das defesas que faz de seu credo, escreve com todas as letras que Deus é onisciente, onipresente e onipotente. Ainda que depois dessa declaração faça uma limitação em função do livre arbítrio e da bondade de Deus apresentar um futuro a ser escolhido pelo homem. Segundo ele, o homem tem livre escolha do bem e do mal, e a bondade de Deus em conceder liberdade ao homem impediria, moralmente, o Soberano de intervir e estabelecer os eventos futuros. Em sua defesa, Paulo Brabo apresenta que se há maldade no mundo, Deus não seria o construtor dessas desgraças e destruição. O livre arbítrio do homem o levara ao futuro estabelecido pelo próprio homem e Deus não teria participação nos eventos catastróficos e malévolos desse século.

As explicações da Teologia Relacional consistem em apresentar críticas sobre a teologia tradicional, que estabeleça que Deus está no controle de tudo.

Já Charles Haddon Spurgeon, pastor batista calvinista do século XIX, defende que o livre arbítrio do homem é ilusório, e que até mesmo a capacidade de fazer o bem por parte do homem tem a interveniência do Espírito de Deus, assim, o livre arbítrio humano seria absurdo, fazendo duras críticas à teologia arminiana, defensora do livre arbítrio.

“Em livre-agência nós podemos crer, mas livre-arbítrio é simplesmente absurdo”.

Tal posição é criticada pelos defensores da Teologia Relacional, que afirma que a restrição do livre arbítrio depreciaria o atributo mais excelente, segundo eles, o amor de Deus; e que se o homem não tem completo livre arbítrio, Deus não seria bom. Afirmam que Deus, em sua santa bondade se permite relacionar com o homem sem interferir nas suas escolhas. Assim, defende a Teologia Relacional, que não teria como Deus saber de algo que ainda não existe: um futuro a ser escolhido pelo homem. Para sustentar tais teses, os defensores da Teologia Relacional afirmam que Deus “se esvazia” de sua soberania para se relacionar com o homem.

“Um Deus que não se esvazia é um Diabo. Deus não age como tirano e não força seu poder para cima de suas criaturas sob pena de esmagá-las, tirando-lhes todo o espaço de liberdade de que precisam para existir. Deus não invade. Não usurpa. Não manipula”.

Afirmações como a de Ed Kivitz provocaram fortes reações teológicas, apesar do contexto dar a conotação de que Deus não trata o homem arrogantemente, dado o poder que teria para fazê-lo. Contudo reações contrárias a tais declarações são previsíveis, pois afirmam alguns teólogos que Deus não se esvazia quando está assentado como Todo-poderoso, ou sobre o ‘trono branco’ julgando as criaturas, no futuro vaticinado pelo livro de Apocalipse (20.11).


2. O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O TEÍSMO ABERTO?

Em contradição ao teísmo aberto, Salmos 139, versos 4 e 16 declaram:

“Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda... e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”.

Como Deus poderia prever detalhes intricados sobre Jesus Cristo no Antigo Testamento se Ele não conhecesse o futuro? Como Deus poderia de alguma maneira garantir a nossa salvação eterna se Ele não soubesse o que haveria de acontecer no futuro?

Os versículos no início dessa postagem que são usados pelos defensores do teísmo aberto, são eles: Gênesis 6.6; Gênesis 22.12; Êxodo 32.14; Jonas 3.10. São textos que falam que "Deus se arrependeu" ou que "Deus mudou de idéia". Essas expressões são figuras de linguagens chamadas de "antropopatismo", ou seja, são sentimentos humanos relacionados a Deus. Essas figuras de linguagem são usadas pelos escritores bíblicos (foram homens) para ilustrar e dá uma compreensão melhor daquilo que Deus está querendo dizer. Deus é o autor da Bíblia, mas inspirou homens para escreve-la, exatamente para que as Escrituras tenha uma linguagem humana. Deus é um ser espiritual diferente do homem e Seus sentimentos são diferentes do nosso. Nós somos suas imagens e semelhança no sentido moral, como amor, compaixão, misericórdia, zelo e etc. Deus é inexplicável e insondável por isso que não existe palavras que possa caracterizar tudo que Deus expressa. Por isso a Bíblia cita figuras de linguagens como o antropopatismo.


CONCLUSÃO

Por fim, o teísmo aberto falha na sua tentativa de explicar o inexplicável – a relação entre o pré-conhecimento de Deus e o livre arbítrio da humanidade. Assim como formas extremas do Calvinismo falham ao fazer dos seres humanos nada mais que robôs pré-programados, o teísmo aberto falha ao rejeitar a verdadeira onisciência de Deus. Deus deve ser entendido por fé, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11.6). O conceito do teísmo aberto não é, portanto, escritural. É simplesmente outra forma de o homem finito com a sua mente finita tentar entender um Deus infinito, da mesma forma que se tentasse beber um oceano inteiro. O teísmo aberto deve ser rejeitado pelos seguidores de Cristo. Mesmo que o teísmo aberto seja uma explicação para a relação entre o pré-conhecimento de Deus e o livre arbítrio humano – ele não é a explicação bíblica.

Deixa nos comentários o que você acha do teísmo aberto. Qual sua visão em relação a esses assuntos? Faça como a Ana Paula Silva, deixa nos comentários sugestões de postagens. Compartilhe com os amigos.

Graça e paz!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FIGUEIRA TINHA ESPINHOS?

SALGAR COM FOGO

DE TAL MANEIRA